imagem

Os melhores vinhos de DOC Vino Nobile de Montepulciano

Mundo do Vinho

Selecionamos o que há de melhor nos vinhos italianos de DOC Vino Nobile de Montepulciano

Apesar de sua grande tradição entre os vinhos toscanos, o Vino Nobile di Montepulciano, às vezes, é ofuscado pelos icônicos Chianti e Brunello – que também têm a variedade Sangiovese como atriz principal – mesmo tendo qualidade similar e, algumas vezes, até superior aos seus não menos nobres irmãos.

A casa do Vino Nobile di Montepulciano é justamente a cidade de mesmo nome, surgida sobre um antigo assentamento etrusco, que se tornou um centro de vida artística e cultural durante o Renascimento e hoje é famosa por seus belos palácios e suas adegas medievais. O lugar em si é um charme. Elegante, vibrante e animado, principalmente no verão, com uma série de pequenas lojas e cafés ao longo do Corso – nome dado à sua rua principal, a Via di Gracciano – e uma linda vista da paisagem que circunda as muralhas da cidade a partir da Piazza Grande, sua praça principal.

Nobile di Montepulciano chegou a ser citado por Voltaire e estava entre os preferidos de Thomas Jefferson

Cheia de detalhes especiais também é a longeva história do Vino Nobile di Montepulciano. Há menções ao vinho que datam de 2000 anos, registros de que o Papa Paulo III o conhecia nos idos de 1549 e, em 1759, Voltaire o elogiou em seu “Candido, ou o Otimismo”. Passou a ser chamado “nobile” provavelmente na segunda metade dos anos 1700, por ser considerado o vinho preferido dos nobres daquela região. A boa fama perdurou através do tempo e, no século XIX, estava entre os favoritos dos presidentes Thomas Jefferson e Martin Van Buren, que o serviram durante seus mandatos na Casa Branca. Em julho de 1966, foi emitido o Decreto que reconheceu a Denominazione di Origine Controllata – DOC “Vino Nobile di Montepulciano”, mas o reconhecimento maior veio com a aprovação da Denominazione di Origine Controllata e Garantita – DOCG, em 1980.

Para receber o selo DOCG, o tinto deve ser produzido na área da comuna de Montepulciano, excluindo a região de Valdichiana, em vinhedos entre 250 e 600 metros acima do nível do mar, com produção máxima de 8 toneladas por hectare. Deve ser feito a partir de um mínimo de 70% de Prugnolo Gentile – como é chamada a Sangiovese em Montepulciano – com no máximo 30% de outras variedades autorizadas na Toscana. Tanto a vinificação quanto o período de envelhecimento têm que ocorrer nos limites de Montepulciano. Há regras específicas para o período mínimo de envelhecimento de dois anos e sempre deve haver estágio em madeira (por maior ou menor tempo, de acordo com uma das com três opções à disposição dos produtores). Para os Riserva, o período mínimo é de três anos, obviamente com passagem em madeira, sendo que são exigidos seis meses em garrafa antes de saírem para o mercado.



Anteprima

Durante as Anteprime Toscana, que aconteceram há dois anos atrás, foi oferecida uma degustação com vinhos das décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Conduzida pelo jornalista italiano Gianni Fabrizio, do guia italiano Gambero Rosso, a disputada e exclusiva prova aconteceu dentro da histórica Fortezza di Montepulciano, localizada num dos pontos mais altos da cidade, com linda vista para o Templo di San Biagio, para o Val di Chiana e Val d’Orcia. A construção como a conhecemos hoje data de 1261, mas foi totalmente reformada pela primeira vez no século XIX. A partir de 2007, começou a ser restaurada pelo consórcio, com apoio da municipalidade e de instituições privadas.

A sala da degustação, um espaço de mais de 300 metros quadrados dentro da Fortezza com portas de vidro levando a um jardim de frondosas árvores, chamada de Enoliteca, merece um capítulo à parte. Seu maior diferencial, na falta de palavra melhor, é o piso de vidro transparente instalado sobre cisternas e cavidades que foram descobertas durante a restauração nos quartos localizados atrás do pátio principal da Fortezza; já no final dos trabalhos, quando os entulhos foram retirados, revelou-se uma estrutura circular, como uma espécie de parede revestida de argila cravejava de artefatos que remontam aos períodos dos etruscos e romanos. Isso confirma que a acrópole de Montepulciano era frequentada por civilizações muito anteriores à própria existência da Fortezza, provavelmente indicando que o local teria sido um assentamento ou santuário no cume do monte Poliziano. Não nos recordamos de em qualquer outra ocasião termos provado vinhos sobre um sítio arqueológico, podendo literalmente caminhar sobre ele.



A Enoliteca é hoje ponto atrativo para visitantes, pois reúne café, winebar, loja de vinhos e de outros produtos locais. Um sem número de Enomatics disponibilizam vinhos de todas as vinícolas membros do consórcio, criando um verdadeiro parque de diversões vínico para os visitantes apaixonados e sedentos por conhecer mais detalhadamente o Vino Nobile di Montepulciano e sua história. Os 50 anos da DOC foram comemorados com a inauguração desse lindo espaço e da nova sede do consórcio, também dentro da Fortezza.

Melhor lugar impossível para essa prova inesquecível, que tinha o objetivo de comprovar a capacidade de envelhecimento com qualidade dos vinhos da denominação. E podemos dizer seguramente que eles conseguiram. Aliás, conseguiram mais que isso. Demonstraram que o Vino Nobile di Montepulciano precisa, geralmente, de mais paciência e tempo de garrafa para mostrar todo o seu potencial, podendo, sim, rivalizar com os melhores exemplares dos irmãos mais famosos, Brunello di Montalcino e Chianti Clássico.

Vinhos avaliados

AD 92 pontos

CONTUCCI VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO 1967

Contucci, Toscana, Itália. Delicioso e complexo nos aromas, demorou para se mostrar por completo. Depois de um tempo na taça, apareceram frutos secos, notas terrosas, de couro (camurça) e de cogumelos. Tem ótima acidez, taninos finos e final longo, persistente e elegante. Ainda vivo e com tensão. Surpreendente. EM

AD 89 pontos

CANTINE FANETTI VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO 1975

Cantine Fanetti, Toscana, Itália. Num ano mais frio, mostra-se mais magro, numa curva descendente, mas com bons taninos e final com toques herbáceos, de iodo, de cânfora e de couro. EM

AD 93 pontos

BOSCARELLI VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO RISERVA 1982

Boscarelli, Toscana, Itália. A única garrafa em magnum da degustação, mostrou-se mais fechada no início, depois exibiu notas terrosas, de couro, de própolis e de ervas secas. Impressiona pela boca. Vivo, tenso e elegante, com acidez vibrante, ótima textura de taninos e final redondo e equilibrado. Muito gostoso de beber. EM

AD 91 pontos

AVIGNONESI VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO 1988

Avignonesi, Toscana, Itália. Uma safra considerada acima da média na região, assim como 1989. Mostra notas medicinais, especiadas, de própolis, de iodo, de ervas secas e de tabaco. Num estilo mais austero, afilado e gastronômico, com os taninos ainda ditando as regras. EM

AD 92 pontos

POLIZIANO VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO VIGNETO LE CAGGIOLE 1988

Poliziano, Toscana, Itália. Em comparação aos outros 1988 provados, parece um pouco menos vivo e de estilo mais rústico. Mostra notas medicinais, de própolis, de couro e de ervas secas. Mas, na boca esbanja equilíbrio, com taninos finos e final elegante e agradável. EM

AD 93 pontos

CARPINETO VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO 1988

Carpineto, Toscana, Itália. Entre os três 1988 provados é o que se mostra mais vivo, tenso e vibrante. Apresenta notas terrosas, de frutos secos, de couro e de tabaco. No palato, é cheio, suculento e equilibrado, aliando potência, concentração, profundidade e finesse. EM

O Vino Nobile di Montepulciano precisa, geralmente, de mais paciência e tempo de garrafa para mostrar todo o seu potencial

AD 91 pontos

TENUTA DI GRACCIANO DELLA SETA VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO 1995

Tenuta di Gracciano della Seta, Toscana, Itália. Num estilo mais clássico, mostrando notas herbáceas, de couro e de estrebaria. Apesar da boca cativante, tem taninos que pedem comida e final com notas defumadas e de sangue, que aportam complexidade ao conjunto. EM

AD 92 pontos

SALCHETO VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO 1995

Salcheto, Toscana, Itália. Fazendo jus a um ano mais fresco, mostra frutas vivas seguidas de ervas secas, de tabaco e de notas terrosas. Equilibrado, gastronômico e elegante, chama atenção pela acidez vibrante e pela ótima textura de taninos. EM

AD 90 pontos

BINDELLA VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO 1999

Bindella, Toscana, Itália. O ano de 1999 foi mais quente, aportando maior exuberância de fruta, o que se sente neste tinto. Licoroso, cheio, com mais madurez, tudo sustentado por sua acidez predominante e taninos firmes. EM

AD 92 pontos

TENUTA VALDIPIATTA VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO VIGNA D’ALFIERO 1999

Tenuta Valdipiatta, Toscana, Itália. Refinado e cheio de vivacidade, mostra-se austero, estruturado e equilibrado, com taninos de ótima textura, refrescante acidez e final longo e persistente, com toques terrosos. EM

Voltar as Notícias